Essa é uma pergunta muito comum entre mães, pais e responsáveis, especialmente quando os filhos estão nos últimos anos da Educação Infantil. É natural surgirem dúvidas como: “Será que meu filho está no ritmo certo?” ou “Devo incentivá-lo de alguma forma em casa?” Também é frequente querer entender qual o papel da escola nesse processo.
O que muitos ainda não sabem é que a aprendizagem da leitura e da escrita não começa apenas quando a criança entra no Ensino Fundamental ou é apresentada às letras e palavras de forma direta. Desde muito cedo, por meio das experiências do dia a dia e do ambiente ao seu redor, a criança já vai formando ideias e compreensões sobre essas linguagens.
Ao observar alguém escrevendo uma lista, lendo um rótulo no supermercado, digitando uma mensagem no celular ou folheando um livro, a criança está, na verdade, dando seus primeiros passos rumo ao mundo da leitura e da escrita. E o mais importante: percebe que tudo isso serve para comunicar algo.
Essa fase costuma gerar ansiedade em muitas famílias, especialmente porque o processo de alfabetização mudou bastante com o tempo. Às vezes, é inevitável comparar com a forma como nós, adultos, aprendemos. No entanto, hoje sabemos, com base em muitos estudos, que aprender a ler e escrever é algo complexo, significativo e construído ao longo do tempo, e vai muito além de apenas juntar letras.
A pesquisadora Emília Ferreiro resume bem essa ideia ao dizer:
“A escrita é importante na escola porque é importante fora da escola, e não o inverso.”
E quando isso começa oficialmente na escola?
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a alfabetização deve ser sistematizada a partir do 1º ano do Ensino Fundamental, podendo se estender até o final do 2º ano. A BNCC orienta que:
“Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramento.” (BNCC, 2018)
Isso significa que, nos primeiros anos do Ensino Fundamental, o que foi vivido na Educação Infantil será aprofundado, ampliando-se as práticas de linguagem.
E na Educação Infantil, já se trabalha com leitura e escrita?
Sim, e muito! A escrita é uma linguagem e, como toda linguagem, está presente nas experiências cotidianas das crianças. Nessa fase, o objetivo não é alfabetizar formalmente, mas despertar a curiosidade, ampliar o repertório e proporcionar vivências significativas com a linguagem escrita.
As crianças brincam com palavras, inventam escritas, reconhecem letras e sons, escutam histórias, interagem com livros e participam de momentos coletivos de leitura e produção de textos. Tudo isso de forma lúdica, prazerosa e conectada com o universo infantil.
Aqui na escola, esse contato acontece todos os dias: nas rodas de conversa, nas histórias compartilhadas, nos jogos, nas produções espontâneas, nas visitas à sala de leitura e nas interações entre os colegas. A linguagem está em tudo!
E qual é o papel da família nesse processo?
O envolvimento da família é fundamental. A leitura e a escrita não se aprendem só na escola. O apoio e o incentivo em casa fazem toda a diferença! Ler com a criança, conversar sobre histórias, explorar palavras e letras no cotidiano (em placas, embalagens, livros, bilhetes, músicas…) são atitudes simples, mas extremamente valiosas.
E, acima de tudo, é importante lembrar: cada criança tem seu tempo. Assim como respeitamos o tempo de engatinhar, andar ou falar, também precisamos respeitar o tempo de aprender a ler e escrever. Ao confiar no potencial da criança e valorizar cada conquista por menor que pareça, estamos fortalecendo sua autoestima e construindo, juntos, um caminho sólido para o aprendizado.
Então, respondendo à pergunta inicial:
“Meu Filho Vai Aprender a Ler Quando?”
A resposta é simples e poderosa:
Ele já começou!
Com carinho,
Tathiany Mattos
Coordenação Pedagógica
Maio de 2025
