Aproximadamente 30% das crianças em idade escolar apresentam deficiências visuais, quando não corrigidas contribuem para um grande déficit no aproveitamento escolar.
Em torno dos 06 anos de idade com o ingresso mais efetivo na escola, a criança é solicitada intensamente para atividades intelectuais e sociais, que requerem prontidão e habilidades psicomotoras e visuais. Admite-se que 85% do aprendizado e informação que recebemos se façam através da visão.
No ambiente doméstico a criança não tem noção de que não enxerga bem por não exercer
atividades que demandem maior esforço visual. Como a visão é uma função neurológica e a criança a desenvolve rapidamente nos primeiros anos de vida, a atenção e intervenção precoces para os casos que permitem correções e tratamentos, tais como erros refrativos e reabilitação visual aumentam as chances da criança aperfeiçoar as habilidades motoras e o desenvolvimento cognitivo.
Diversas razões são apontadas para explicar a reduzida busca pelo atendimento primário da visão no Brasil.
A falta de orientação a pais e professores e ou a inexistência de programas de saúde ocular nas escolas para identificar baixa acuidade visual e encaminhar os escolares com deficiência visual a exames de visão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que cerca de 7,5 milhões de crianças em idade escolar sejam portadoras de algum tipo de deficiência visual e apenas 25% delas apresentem sintomas, os outros três quartos necessitariam de teste específico para identificar o problema. A maior parte desses casos é encontrado em países em desenvolvimento.
Deficiências visuais não corrigidas causam nos escolares redução da atenção e interação, afetam a autopercepção, o desenvolvimento emocional , causam sonolência, irritação, reduzem a sociabilização da criança, podendo ainda notar- se atitudes de menosprezo ou superproteção das outras crianças, bem como uma necessidade de proporcionar ajuda com informações e descrições verbais.
Considerando a importância da visão na educação e na integração social da criança, a questão configura um problema socioeducacional, por isso ações de promoção da saúde e de educação em saúde visual são importantíssimas. A informação contribui para pais, professores, acadêmicos e voluntários a demonstrarem interesse em participar de iniciativas
educacionais e assistenciais em saúde ocular, identificando as principais causas de déficit visual da criança e a extensão desse problema. Outra informação aos pais que não tem o costume de proteger os olhos de seus pequenos em parques e praias: Os olhos das crianças são seis vezes mais vulneráveis do que olhos adultos aos efeitos nocivos da exposição aos raios UV. Por isso, nunca é cedo demais para começar a proteger os olhos de uma criança. Existe no país real necessidade em promover a divulgação e sensibilização de pais, responsáveis e professores, além de identificar e superar as principais barreiras ao trabalho integrado e multidisciplinar de saúde.
Mauro Rosales Filho
Mestre em Óptica Oftalmica Senac-SP